A Amazônia é um fato territorial sul-americano que,
cobiçada como celeiro de riquezas, transpõe os limites do Pacto
Amazônico (firmado em 3 de junho de 1978) e da América do Sul,
transformando-se em fato geopolítico, logo espaço de intromissão
imperialista. (A crise colombiana e a intervenção dos EUA não deixam
dúvidas quanto a isso.) A principal nação a ser afetada pela cobiça
imperialista é o Brasil, detentor da maior parte dela. Mas é exatamente
este fato territorial, cuja virtualidade espacial e econômica pode
nuclear a fundação de uma potência no hemisfério sul, o elemento central
sobre o qual se voltam os interesses estratégicos do imperialismo
norte-americano. Compactua com ele a avidez da Europa ocidental e do
Japão, na doce ilusão de dividirem a riqueza amazônica, como se a
superpotência lhes permitisse tamanha ousadia, para além das sobras
supérfluas. (Talvez lhes conviesse mais que a Amazônia continuasse sul-americana e clandestina). Mas a estratégia norte-americana é outra. Aos EUA não convém confrontar-se com uma possível potência rival
no espaço das Américas; este espaço eles o tem como exclusividade sua.
Claro, não está em disputa um deserto inútil. Disputa-se um esplêndido
território, cuja riqueza pode prolongar a supremacia mundial da
Norte-América. A energia existente no subcontinente meridional é vital
ao grande irmão. A posse colonial e a fragmentação territorial.
Eis a estratégia do imperialismo para os seus espaços periféricos. A
Amazônia e a América do Sul se enquadram nesta terrível lógica.
Para este fim serve a ideologia da Amazônia como patrimônio da humanidade; serve, também, a contínua ameaça – às vezes velada, às vezes explícita – da sua internacionalização. Para este propósito, criam-se mitos verdadeiros e fatos falsos. Ou falseiam fatos e justificam mitos, numa preparação dirigida da opinião pública, cooptada por uma mídia devidamente condicionada. Nesta onda, surfam "intelectuais" alienados. Tal se dá com as questões indígena e ambiental, com o narcotráfico e com a estória da "Amazônia pulmão do mundo", desvirtuando-lhe o sentido e o alcance, numa pretensa ignorância da função oxigenadora dos oceanos e mares..
Territorialmente a Amazônia corresponde a 1/20 da
superfície terrestre, 2/5 do continente sul-americano, e mais da metade
do território brasileiro. Além do Brasil, ela incorpora a Bolívia, a
Colômbia, o Equador, a Guiana, a Guiana Francesa, o Peru, Suriname e a
Venezuela. A Amazônia brasileira, que incorpora os estados do Amazonas,
Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Tocantins, o oeste do Maranhão e o norte
do Mato Grosso, se considerada nos seus aspectos geodésicos e políticos,
mede mais de cinco milhões de km², com uma população que não chega aos
20 milhões. Mas, esposando aqui a opinião do Almirante Gama e Silva, a verdadeira Amazônia brasileira
tem cerca de 4,048 milhões de quilômetros quadrados, sendo 3,648
milhões ocupados por vegetação natural, e o restante ocupado por rios,
lagos e usos institucionais ou diversificados.
A Amazônia possui 1/5 da água doce do planeta, 1/3 das
florestas latifoliadas. Ambicionada a sua diversidade biológica. É o
maior banco genético da Terra. Não se tem ainda conhecimento pleno da
quantidade de espécies vegetais e animais que nela existem. Já se
computaram milhares de espécies vegetais e uma quantidade maior ainda de
espécies animais. Além da floresta, ela inclui matas de várzea, campos e
cerrados. Calcula-se em mais de um trilhão de dólares o valor da
madeira de lei que dela se pode extrair, valorizadas no mundo inteiro,
principalmente com a previsão, para as próximas décadas, do esgotamento
das florestas tropicais da Ásia e da África. Existe na Amazônia mais de
100 espécies de madeiras nobres. Apenas 10% são conhecidas no exterior.
No entanto, na Amazônia, uma ocupação racional e cientificamente
planejada encontrará uma natureza favorável à rápida regeneração da
floresta. Na imensidão das suas águas, a produção pesqueira atual retira
mais de 180 mil toneladas por ano. Isto numa Amazônia ainda
praticamente inexplorada, permitindo estimar-se em mais de 300 mil
toneladas/ano esse potencial.
Na Amazônia, está uma das maiores reservas mundiais de
minerais estratégicos, cujo valor não se pode ainda dimensionar. Ouro
no Pará, no Amazonas, em Roraima e no Amapá; ferro no Pará (serra dos
Carajás), no Amapá, no Amazonas; sal-gema no Amazonas e no Pará;
manganês no Amapá, no Pará e no Amazonas; bauxita no Pará (Oriximiná, no
rio Trombetas e em Tucuruí), além de calcário, casseterita, gipsita,
linhita, cobre, estanho, nióbio, tântalo, zircônio, criolita (usada como
fundente na eletrólise do alumínio), caulim, diamante, chumbo, níquel.
De vários destes minérios, o Brasil possui as maiores jazidas do mundo,
estando, nos demais entre as maiores reservas.
Resumindo: sobre o rico potencial amazônico, não
faltam hoje estudos sérios. Desta forma, passo batido sobre o seu
potencial petrolífero e sobre a existência de material radioativo, para a
combustão nuclear, como o tório. Contudo, não posso omitir três
questões que as julgo estratégicas para a geopolítica do século XXI: a era dos carboidratos que substituirá a era dos hidrocarbonetos,
esta já em processo de declínio acelerado; a imensidão amazônica como o
maior "vazio" geográfico que, apesar do clima quente e úmido, pode ser
imediatamente ocupado, somando-se a isso o fato, nada desprezível, de
que a Amazônia dispõe de quase 2,5 milhões de km² de terras propícias
para a agricultura – 8% das disponibilidades mundiais. (Estudo sobre a
produção mundial de alimentos, promovido pelo Governo dos EUA em 1967 –
"The World Food Problem"); e a localização estratégica como núcleo de
integração da América meridional, tanto para a unidade política da
América Latina, quanto para a centralização de um poder imperial em novo
processo colonial do subcontinente.
Todavia, para impedir a biopirataria e a exploração predatória de grupos clandestinos ou consentidos
e de empresas estrangeiras lá instaladas, (mais de duas dezenas, quase
todas asiáticas), cuja ação devastadora é cinicamente ignorada pelo
Governo, os brasileiros precisam ocupar racionalmente a Amazônia,
através de um planejamento estratégico, metódico, para obstar, não só a
sua devastação, mas, também, para impedir que ela escape ao seu domínio.
Povo que não sabe usufruir da riqueza que possui, acaba vendo-a
devastada e surrupiada por estranhos.
Ninguém desconhece a grande dependência que os países
desenvolvidos têm do petróleo. Embora as reservas mundiais, hoje
estimadas em um trilhão de barris, possam garantir o abastecimento, ao
ritmo atual de consumo, por mais quatro ou cinco décadas,
independentemente de novas descobertas, a verdade é que a maior parte
destas reservas não se localiza no território dos países centrais. Os
EUA já importam aproximadamente 60% do petróleo que consomem. No ritmo
atual, as reservas ainda existentes no seu subsolo terminarão na próxima
década, passando a depender totalmente do petróleo importado, ainda
que, no futuro, este combustível perca importância graças ao
desenvolvimento tecnológico, rumo a novas fontes de energia.
Porém, não apenas de petróleo depende o
desenvolvimento dos países ricos. Eles têm uma dependência, praticamente
vital para continuarem ricos e formosos, de uma enorme quantidade de minérios, sem os quais a sua economia industrial desmorona.
A dependência dos países, assim chamados, desenvolvidos.
Minérios/Blocos | EUA | UE | Japão |
em % | |||
Nióbio |
100
|
100
|
100
|
Manganês |
98
|
100
|
100
|
Alumínio |
91
|
97
|
100
|
Tântalo |
91
|
100
|
100
|
Estanho |
82
|
80
|
85
|
Zinco |
57
|
57
|
48
|
Mica |
100
|
83
|
100
|
Cobalto |
97
|
100
|
100
|
Cromo |
91
|
97
|
99
|
Platina |
91
|
100
|
98
|
Níquel |
70
|
87
|
100
|
Tungstênio |
52
|
87
|
75
|
Antimônio |
51
|
91
|
100
|
Cobre |
13
|
80
|
80
|
Fosfatos |
01
|
99
|
100
|
Vanádio |
42
|
100
|
100
|
Chumbo |
13
|
44
|
47
|
Molibdênio |
--
|
100
|
99
|
Como representante da Trilateral, em 1979, Henry
Kissinger, evidenciava essas carências: "Os países industrializados não
poderão viver à maneira como existiram até hoje, se não tiverem à sua
disposição os recursos naturais não-renováveis do planeta. Para isso,
terão que montar sistemas mais requintados e eficientes de pressões e
constrangimentos, que garantam a consecução de seus objetivos."
Eis porque a Amazônia transformar-se-á, no século XXI,
numa das principais regiões do planeta, cuja exploração sustentará um
novo ciclo de desenvolvimento.
Até a definição das fronteiras brasileiras, concluída
no início deste século, França e Inglaterra procuraram ampliar seus
espaços na Amazônia às custas do Brasil. Porém, notório foi o interesse
dos EUA no século XIX, em razão mesmo da sua política expansionista que
incorporou pelas armas partes do México e comprou da Rússia o Alasca.
Famosa foi a campanha deflagrada por um oficial da Marinha
norte-americana, o Tenente Matthew Fontaine Maury, que, afirmando ser a
Amazônia parte do complexo geográfico formado pelo Golfo do México, como
uma extensão natural do Mississipi, defendia que a América meridional
devia transformar-se numa dependência dos EUA. "O mundo amazônico" –
pregava o Tte. Maury, que chefiava o Serviço Hidrográfico da Marinha
norte-americana – "é o paraíso das matérias primas, aguardando a chegada
de raças fortes e decididas para ser conquistado científica e
economicamente." Como conseqüência dessa campanha, em 1853, o Governo
dos EUA enviava ao Congresso uma mensagem com uma referência à Amazônia:
"uma região que, se aberta, à indústria do mundo, ali se achariam
fundos inexauríveis de riquezas." Não faltaram, então, pressões sobre o
Império para que este abrisse o rio Amazonas à livre navegação
internacional. O Imperador não cedeu. A Guerra civil norte-americana
retirou, na ocasião, a questão amazônica da pauta expansionista dos EUA.
Na década de 40, a tentativa de criação de um
Instituto Internacional da Hiléia Amazônica, inspirado pelo professor
Berredo Carneiro e que seria integrado basicamente pelas nações
sul-americanas com interesses diretos na Amazônia, para estimular a sua
exploração científica, inviabilizou-se na luta ideológica que o
envolveu, tendo então sido visto como um instrumento de
internacionalização do território amazônico.
Vinte anos depois, foi a vez do Hudson Institute
lançar o projeto dos "Grandes Lagos" para a produção de energia elétrica
e para a navegação. Segundo o Cel. Manoel Teixeira Pires, este projeto
iria representar uma autêntica variante ao canal do Panamá para ser
utilizado pelos EUA. Na época, o governo brasileiro frustrou o projeto.
Com o fim da guerra fria, as pressões retornaram. Em
1989, numa reunião do G-7, à qual o Pres. Sarney compareceu como
convidado, foi ele instado a ceder direitos para que os países ricos
pudessem explorar economicamente a Amazônia. Se a concessão fosse dada, a
posse dos recursos acabaria traduzindo-se na posse do território.
Em 1989, o então senador e hoje candidato à
Presidência dos EUA, afirmava solenemente: "Os brasileiros pensam que a
Amazônia é deles. Não é. Ela pertence a todos nós." Mais recentemente, a
mesma afirmação reproduziu-a outro senador (Kasten), que acrescenta:
"assim como o ozônio, as chuvas, o oxigênio, etc., a Amazônia deve
pertencer a todos." Em 83, Margareth Thatcher havia sido mais enfática:
"Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas
externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas."
Também Mitterand, em 89, afirmava: "O Brasil precisa aceitar uma
soberania relativa sobre a Amazônia." Até Gorbatchev, em 1992, julgou-se
com o direito de afirmar: "O Brasil deve delegar parte de seus direitos
sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes." John
Major, então primeiro-ministro da Inglaterra: "As nações desenvolvidas
devem estender os domínios da lei ao que é comum de todos no mundo. As
campanhas de ecologistas internacionais a que estamos assistindo, o
passado e o presente, sobre a região amazônica, estão deixando a fase
propagandística, para dar início a uma fase operativa que pode
definitivamente ensejar intervenções militares diretas sobre a região."
Mais grave porém, porque está diretamente ligado aos
interesses do imperialismo estadunidense, cuja estratégia é a
incorporação colonial "definitiva" da América Latina ao seu contexto
geopolítico, são as afirmações do Gal. Patrick Hugles, chefe do Órgão
Central de Informações das Forças Armadas norte-americanas: "Caso o
Brasil resolva fazer uso da Amazônia, pondo em risco o meio ambiente nos
Estados Unidos, temos que estar prontos para interromper este processo
imediatamente." Ao que a senhora Madeleine Allbright complementa:
"quando as questões são de meio ambiente, não existem fronteiras." E a
história nos ensina: quando um Estado poderoso precisa de um pretexto
para intervir em outro Estado, qualquer pretexto serve. Esta lógica confere com a estratégia do Pentágono, divulgada pelo The New York Times
(10/3/92), cujo objetivo é impedir o surgimento de uma potência militar
fora da OTAN. Em 1995, o Chefe do estado-maior Conjunto, Gal. Collin
Powell, recomendava a preservação da capacidade militar norte-americana
em nível tal que desencorajasse o surgimento de qualquer adversário que
pudesse desafiar o poderio norte-americano. E reservava uma posição
subalterna para as forças armadas dos países latino-americanos.
Ora, opiniões são simples manifestações de
pensamentos. Nem sempre se transformam em fatos. Mas, o imperialismo
possui uma lógica que não pode ser ignorada: para os EUA continuarem
hegemônicos e manterem o seu gigantesco potencial bélico, a energia
interna do seu território já não basta. Eles precisarão absorver a
energia das nações que lhes são subalternas. Enquadra-se nisto a América
do Sul e, naturalmente, a Amazônia.
A British Petroleum/Brascan é o maior grupo
estrangeiro que atua na Amazônia, detendo 174 mil km², ou 13% do subsolo
reservado da Região Amazônica. Território equivalente aos Estados do
Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina. Um estudo do CNPq
mostra a presença de empresas multinacionais na exploração mineral,
concentradas na "chamada área reservada", controlando cerca de 40% do
subsolo dessa área da Região Amazônica, equivalendo a 367 mil km². 98%
desta área está em poder de apenas 17 grandes grupos, ou seja,
suficientemente poderosos para influenciarem as decisões políticas
nacionais e para terem na sua retaguarda seus respectivos Estados
nacionais.
Não vou falar das centenas de ONGs que atuam na Amazônia, sob os mais diferentes pretextos e interesses – menos os dos brasileiros, evidentemente. (Como diria o Pe. Antônio Vieira: eles não querem o nosso bem; eles só querem os nossos bens).
Citarei apenas o Conselho Mundial de Igrejas Cristãs (1981): "A
Amazônia total... é considerada por nós como um patrimônio da
humanidade. (...) É nosso dever (...) esgotar todos os recursos que,
devida ou indevidamente, possam redundar na defesa, na segurança e na
preservação desse imenso território e de seres humanos que o habitam e
que são patrimônio da humanidade, e não patrimônio dos países cujos
territórios pretensamente dizem lhes pertencer."
E tem brasileiro que incorpora essa lorota, sem se perguntar: por que só
a nossa Amazônia deve ser "patrimônio da humanidade", e não a Terra
toda, hoje monopolizada economicamente por três ou quatro centenas de
corporações mundiais e "privatizada" como patrimônio de alguns poucos
milhares de indivíduos poderosíssimos, sobrepostos aos bilhões de homens
e mulheres que mal vegetam ? Por que só o território amazônico deve ser internacionalizado,
e não o território dos EUA que controlam a economia do mundo e
concentram a maior parte da sua riqueza? Por que não o território culto
da Europa ocidental, berço do imperialismo contemporâneo? No atual
sistema de dominação mundial, a quem beneficiaria uma "pretensa"
internacionalização da Amazônia?
A questão colombiana, onde a presença dos Estados
Unidos já é notória, traz-nos à lembrança – com o sinal trocado – o
ocorrido há 150 anos na China, com a chamada Guerra do Ópio, quando a
Inglaterra, atendendo aos traficantes ingleses que monopolizavam aquele
comércio, atacou a China, e, com duas guerras saqueou o "celeste
império", abrindo-o para o livre comércio do Ocidente, sobretudo para o
imperialismo inglês estabelecer a sua base em Hong Kong. Na ocasião, a
rainha Vitória teria declarado que, se estivesse no lugar do Imperador
da China, também proibiria o tráfico de ópio. Porém, era fundamental que
a Inglaterra defendesse o "livre comércio", sem o qual ela não
sobreviveria, atribuindo-se à rainha a seguinte conclusão: "o país" –
europeu, evidentemente – "que tivesse sob seu controle a China, não só
controlaria todo o Oriente, como tornar-se-ia a nação hegemônica do
século XIX". As palavras podem não ter sido exatamente estas, mas a
história corresponde a elas.
Ora, correndo, embora, o risco da comparação
exagerada, ouso afirmar que a potência que tiver sob seu controle a
Amazônia, terá não apenas o domínio de toda a América meridional, como
obterá dela os recursos naturais para sustentar-se como a hegemonia
absoluta do século XXI.
Os que tencionam alienar a Amazônia, que preço lhe
atribuiriam? Alguns patriotas convictos declaram que ela é parte
inseparável do Brasil, logo ela é inalienável. O seu preço custaria o sangue dos que tentarem disputá-la.
No entanto, não preservaremos brasileira a nossa parte
amazônica, se não preservarmos o Brasil como nação independente, capaz
de transformar-se numa potência singular, núcleo forte de uma integração
democrática dos povos latino-americanos.
(Encerro recomendando a leitura da coletânea publicada
pelo Núcleo de Estudos Matias de Albuquerque – "Amazônia" –, publicação
valiosa sobre aquele rico território brasileiro e sul-americano.)
Antônio Rezk
MHD – Movimento Humanismo e Democracia
MHD – Movimento Humanismo e Democracia
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