Climograma (o grego clima: clima, e grama: escrita) é um gráfico que representa as médias mensais de temperatura do ar atmosférico e de chuva de um lugar. O climograma é uma ferramenta clássica
de representação do clima que
permite uma compreensão mais fácil do perfil climático de determinada região. Através
do climograma pode se representar graficamente as variações de temperatura e
precipitações durante um determinado período de tempo, geralmente de 1 ano.
A
análise do climograma é feita sempre comparando-se a taxa de precipitação e a
temperatura. Quando as barras do histograma estão abaixo da linha de
temperatura significa que há mais calor do que precipitação. Entretanto, isso
nem sempre quer dizer que o clima é seco: alguns climogramas utilizam o índice
conhecido como “índice de Gaussen” para o qual deve se obedecida a relação:
P=2T, ou seja, o valor máximo estabelecido para a precipitação deve ser pelo
menos duas vezes o valor do da temperatura máxima.
Com
o uso do climograma é possível identificar os períodos de estiagem, as épocas
onde a precipitação é maior e até fazer comparações entre os climas de localidades diferentes através da
comparação de seus climogramas
EXEMPLIFIANDO: O que seria um mês seco? Mês
seco é considerado aquele em que o total mensal das precipitações é igual ou
menor que o dobro da temperatura média, ou seja, matematicamente expressamos
como sendo:
- Mês
seco é quando: P = ou < 2xT
- onde
P é a precipitação (mm) e T a temperatura do ar (°C).
Exemplo:
um mês com temperatura media de 30°C e chuva de 50 mm é considerado um mês
seco.
Como se lê um climograma: Nos climogramas, as colunas azuis representam as medias mensais de chuvas e as linhas vermelhas, as médias mensais de temperatura. A quantidade de chuva ou precipitação
média em milímetros está marcada no eixo vertical azul situado do lado
esquerdo de quem olha o climograma (0, 100, 200, 300 e 400 mm). As temperaturas do ar atmosférico,
medidas em graus Celsius (°C), estão marcadas no eixo vertical vermelho
situado do lado direito de quem olha o climograma (0°C, 10°C, 20°C,
30°C e 40°C). Veja os climogramas abaixo:
Em uma semana, ocorreram quatro grandes protestos na cidade de São
Paulo contra o aumento da passagem do transporte público. O primeiro foi
no dia 6 de junho; os seguintes aconteceram nos dia 7, 11 e 13. Todos
eles resultaram em confrontos com a polícia militar. A cada edição, o
número de manifestantes era maior – assim como a violência usada para
contê-los. No dia 13, mais de 200 pessoas foram presas, incluindo
jornalistas, e foram publicados na internet inúmeros vídeos e relatos de
pessoas que presenciaram extrema violência policial contra
manifestantes e transeuntes pacíficos. Os protestos se espalharam por
dezenas de cidades do país (e de fora dele) e, em algumas delas,
incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, o aumento da tarifa foi revogado.
Mesmo nesses lugares, enormes manifestações continuam sendo feitas –
porém, seus participantes têm agora reivindicações variadas, pouco
objetivas e, muitas vezes, contraditórias entre si. Muitos manifestantes
que iam às ruas no início criticam o rumo que o movimento está tomando.
Há os otimistas porque “o povo acordou” e também os que temem um golpe
de Estado. Ninguém sabe o que irá acontecer.
Este é um bom momento para relembrar outros movimentos populares que
fizeram história no país – há boas chances de algo do tipo ser abordado
nos vestibulares deste ano.
Apesar de ter sido um movimento de caráter político-militar (e, por isso, não entrará na lista), a Intentona Comunista de novembro de 1935
merece atenção especial, segundo o professor de história do cursinho do
XI, Samuel Loureiro. Trata-se de uma tentativa fracassada de golpe
contra o governo de Getúlio Vargas feita pelo PCB (na época, Partido
Comunista do Brasil) em nome da Aliança Nacional Libertadora. É que o
movimento tem uma característica importante que remete aos protestos
desta semana: a tarifa zero do transporte público. Foi
estabelecido um governo revolucionário em Natal, no Rio Grande do Norte,
que determinou que os bondes seriam gratuitos para a população. Mas
esse governo durou apenas três dias. Vamos à lista de movimentos liderados pelo povo:
1. Revolta da vacina, de 10 a 16 de novembro de 1904 (República Velha) O que foi: Uma revolta dupla – dos militares e do
povo. “O povo da cidade do Rio de Janeiro rebelou-se contra a lei que
tornava a vacinação obrigatória, criada pelo sanitarista Oswaldo Cruz.
Juntaram-se a eles os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha. Os
militares tentaram afastar o presidente Rodrigues Alves do governo para
tentar voltar ao poder, mas acabaram sendo presos e a escola militar foi
fechada”, explica o professor de história do cursinho do XI, Samuel
Loureiro. A cidade virou um campo de guerra; a população depredou lojas,
incendiou bondes, fez barricadas, atacou as forças da polícia com
pedras, paus e pedaços de ferro. Foram registrados 30 mortos e 110
feridos. Mas o que levou as pessoas a se irritarem tanto? A matéria
”Rio: cidade doente”, da revista Aventuras na História responde: “Não é difícil entender por que o povo ficou contra a vacina.
Pela lei, os agentes de saúde tinham o direito de invadir as casas,
levantar os braços ou pernas das pessoas, fosse homem ou mulher, e, com
uma espécie de estilete (não era uma seringa como as de hoje), aplicar a
substância. Para alguns, isso era uma invasão de privacidade – e, na
sociedade de 100 anos atrás, um atentado ao pudor. Os homens não queriam
sair de casa para trabalhar, sabendo que suas esposas e filhas seriam
visitadas por desconhecidos. E tem mais: pouca gente acreditava que a
vacina funcionava. A maioria achava, ao contrário, que ela podia
infectar quem a tomasse. O pior é que isso acontecia. A vacina não era
tão eficaz como hoje”.
2. Greves operárias do início do século 20 O que foi: Até o início do século 20, não havia
direitos trabalhistas: os salários eram baixos, a jornada de trabalho
era enorme, havia o emprego maciço de mão de obra infantil. Muitos
trabalhadores eram imigrantes europeus fortemente influenciados pelos
princípios anarquistas e comunistas. Essa influência foi importantíssima
para a eclosão das greves operárias da época. Em 1905, foi criada a
Federação Operária de São Paulo, que reunia as associações de
trabalhadores da cidade. Em abril do ano seguinte, o Rio de Janeiro
recebeu o 1º Congresso Operário Brasileiro, evento considerado a origem
do sindicalismo no Brasil. No dia 1º de maio de 1907, eclodiu a primeira
greve geral da história do Brasil. A greve, que durou até o meio de
junho, foi reprimida com violência, mas conseguiu fazer com que muitas
empresas adotassem a jornada de oito horas de trabalho.
A segunda greve geral veio em 1917 e começou em São Paulo. Com a
crise no comércio exterior causada pela Primeira Guerra, os preços
aumentavam, os alimentos sumiam das prateleiras e os salários diminuíam.
Enquanto isso, os patrões voltaram a esticar as jornadas de trabalho.
Em 9 de julho, os trabalhadores organizaram uma passeata. A polícia
avançou sobre a multidão com seus cavalos e atirou. Antonio Martinez, um
sapateiro, foi morto. O assassinato revoltou ainda mais os
trabalhadores: dias depois, o movimento se tornou uma greve geral com 45
mil pessoas paradas – praticamente todos os operários da capital
paulista. A imprensa da época tratava as agitações como anarquistas e os
patrões, como caso de polícia. Havia revistas nos passageiros dos
bondes e em todos os operários e populares que transitavam pelas ruas.
Mas, a partir de então, o movimento operário passou a ser reconhecido
como algo representativo e os patrões passaram a negociar com eles.
“O primeiro presidente a negociar com o movimento operário e a
admitir sua existência foi o General Hermes da Fonseca (1910-14)”,
explica o professor Samuel. Mas a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), que unificou toda a legislação trabalhista então existente no
Brasil, foi criada em 1943 pelo então presidente Getúlio Vargas durante o
período do Estado Novo, entre 1937 e 1945. “Mas é importante notar que
essa legislação veio para conter o movimento operário e aliviar a
pressão social; não foi por bondade do presidente. Vargas era
considerado o pai dos pobres, mas também a mãe dos ricos”.
3. Passeata dos 100 mil, 16 de junho de 1968, no Rio de Janeiro O que foi: Uma manifestação uma popular de protesto
contra a ditadura militar, organizada pelo movimento estudantil e com a
participação de artistas, intelectuais, setores da Igreja e outros da
sociedade brasileira. Embora dois estudantes já tivessem sido mortos em
confrontos com a polícia durante aquele ano, o clima da passeata esteve
mais para o festivo. Uma chuva de papel picado caiu sobre os
participantes do protesto e cinco estudantes acabaram presos. Em
outubro, confrontos envolvendo facções da direita e da esquerda
resultaram uma verdadeira batalha entre alunos da Universidade Mackenzie
e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São
Paulo. A matéria “O ano que sacudiu o mundo“, da revista Aventuras na História, descreve: “A coisa começou com meras agressões verbais entre esquerdistas
da USP e anticomunistas do Mackenzie, mas a escalada da briga passou a
contar com rojões, paus, pedras, coquetéis molotov, vidros com ácido
sulfúrico e até tiros – um estudante do lado da USP acabou morrendo. No
mesmo mês, o congresso (clandestino) da União Nacional dos Estudantes em
Ibiúna, São Paulo, foi invadido pela polícia, que levou para a cadeia
cerca de 900 estudantes. Os pais dos jovens presos, alguns dos quais
funcionários públicos, também foram perseguidos pela repressão.”
Depois disso, o deputado Márcio Moreira Alves, membro de um Congresso
que ainda acreditava ser independente, criticou duramente a repressão
aos movimentos de oposição e chegou a sugerir que as jovens brasileiras
não namorassem mais oficiais do Exército. Veja o discurso no vídeo
abaixo:
A resposta do governo militar ao discurso e à polarização do país
veio em 13 de dezembro com o Ato Institucional número 5, que concedeu
poderes praticamente ilimitados ao presidente da República para
dissolver o Congresso, retirar direitos políticos e civis de dissidentes
e até confiscar seus bens. O presidente se justificou dizendo que havia
feito isso para “salvar a democracia”. A repressão só deixou os ânimos
ainda mais exaltados. Guerrilhas urbanas e rurais tentaram, sem sucesso,
contra-atacar os militares no fim dos anos 60 e começo dos anos 70.
Apesar de terem sido derrotadas, a mística que surgiu em torno da
resistência brasileira em 1968 acabaria virando o modelo da luta pela
redemocratização do país.
4. Comícios das Diretas Já (1984)
O que foi: Entre janeiro e abril de 1984, grandes
comícios foram realizados no país pedindo a volta das eleições diretas
para presidente, abolidas desde 1964. Os dois maiores foram em abril: na
Candelária, no Rio, cerca de 1 milhão de pessoas se reuniram no dia 10;
no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, o número estimado chegou a 1,5
milhão, no dia 16.
Antes disso, um comício na praça da Sé, em São Paulo, reuniu entre
300 e 400 mil pessoas que cantavam “Um, dois, três, quatro, cinco, mil,
queremos eleger o presidente do Brasil.” Esse comício foi decisivo
porque engrossou a mobilização que depois levaria milhões de pessoas às
ruas de outras capitais. A campanha tinha nascido no ano anterior, assim
como a Proposta de Emenda Constitucional número 5, do deputado federal
Dante de Oliveira. Pela emenda, o presidente da República seria eleito
por voto direto, e não pelo Colégio Eleitoral – que reunia os
congressistas e mais seis membros da bancada majoritária em cada
Assembléia Legislativa. A iniciativa ganhou o apoio do grupo
oposicionista que incluía o senador Teotônio Vilela e o deputado Ulysses
Guimarães.
5. Impeachment de Collor (1992) O que foi: Denúncias de corrupção envolvendo o
presidente Fernando Collor começaram a aparecer aos montes na imprensa
em 1992. Pedro Collor, seu irmão mais novo, entregou um dossiê para a
imprensa com denúncias de corrupção envolvendo o presidente e PC Farias,
tesoureiro de sua campanha eleitoral. Todo mundo já andava extremamente
descontente com seu mandato: as medidas de seu governo levaram à
recessão do país e desagradaram a boa parte dos partidos políticos e da
população. A inflação acumulada no primeiro ano de seu governo foi de
4.853% e o confisco das cadernetas de poupança atingiu em cheio a elite
brasileira, que logo ficou contra o presidente. Com as denúncias, o
povo, revoltado, realizou passeatas em vários estados para exigir o
impeachment. Uma das principais foi em São Paulo, no dia 18 de setembro,
reunindo cerca de 750 mil pessoas.
Os fluxos de globalização ocorrem através de
redes, que abarcam o mundo inteiro, mas não todo o espaço
geográfico.Eles atingem principalmente os lugares mais bem equipados com
infra-estrutura de transportes, comunicações, hospedagem,,etc.Esses
lugares forma os pontos de interconexões das redes globais.
O
espaço geográfico é composto por um denso emaranhado de redes, por meio
das quais ocorrem fluxos dos mais variados tipos.Há redes de
comunicação(televisão, radio, telefone, computadores, ligados por
satélites e cabos de fibras ópticas), redes de rodovias, ferrovias,
hidrovias e aerovias, pelas quais flui mercadorias e pessoas, e muitas
outras.Essas redes podem abranger o espaço geográfico local, nacional,
regional e mundial.
Frases de importantes geógrafos sobre REDES GEOGRÁFICAS...
Rede Geográfica: “conjunto de localizações sobre a superfície terrestre
articulado por vias e fluxos” (Roberto Lobato Corrêa, Redes Geográficas e
Teoria dos Grafos)
“A rede faz e desfaz as prisões do espaço tornado território: tanto
libera como aprisiona. É porque ela é “instrumento”, por excelência, do
poder” (RAFFESTIN, 1980)
“Os poderes centrais dedicam, agora, mais à mobilidade das idéias e das ordens do que àquela das pessoas.” (P. Claval, 1989)
‘Os fluxos, de todo tipo – das mercadorias às informações pressupõe a existência das redes.” (Dias, 1995)
“A primeira propriedade das redes é a conexidade – qualidade de conexo
-, que tem ou em que há conexão, ligação. Os nós das redes são assim
lugares de conexões, lugares de poder e de referência, como sugere
Raffestin” (Dias, 1995)
O conceito de Região é um dos mais importantes da Geografia. Abordada
por diversas correntes do pensamento geográfico, a região é uma
subdivisão do espaço definida a partir de critérios objetivos
pré-estabelecidos por quem faz a regionalização.
Existem regionalizações formais e informais. Há, ainda, regionalizações
administrativas e científicas. Para entendê-las melhor, analisaremos as
principais formas de divisão regional do Brasil.
A divisão oficial do Brasil, feita pelo IBGE, é um exemplo de divisão
formal e administrativa. Ela contém as cinco Macrorregiões do país:
Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Essa divisão baseia-se nas
características naturais do território nacional (relevo, clima) mas
também se dá em função da composição social e dos atributos econômicos.
Obedecendo os limites das fronteiras entre os estados da federação, essa
divisão regional facilita a compreensão das realidades nacionais a
partir das informações estatísticas produzidas e agrupadas por cada
estado. Esses dados são usados por prefeitos, governadores e pela
presidência para planejar as ações governamentais sobre os territórios.
Sendo muito genérica a divisão do Brasil em macrorregiões, o IBGE
elaborou subdivisões mais profundas que permitissem o trabalho de
planejamento territorial de forma mais eficiente. Assim surgem as
Mesorregiões e as Microrregiões.
As mesorregiões se diferenciam pela estrutura produtiva ou por elementos
naturais muito marcantes. As Microrregiões são diferenciadas
essencialmente pelas formas dominantes de uso do solo e pela relevância
de um centro urbano regional.
Um exemplo de divisão informal e científica do Brasil é a divisão em
Complexos Geoeconômicos Regionais. Contemplando as características
econômicas do território, inclusive os processos históricos que marcaram
sua apropriação, o geógrafo brasileiro Pedro Pinchas Geiger elaborou
uma divisão que não obedece aos limites dos estados do Brasil.
Ela pode ser definida como uma divisão informal já que não possui um
caráter oficial e pode ser definida como científica na medida em que sua
elaboração obedece os rigores da análise geoeconômica do território
brasileiro e sua apropriação histórica, como já assinalamos. Nela não
existem 5 macrorregiões mas 3 complexos regionais: Amazônia, Nordeste e
Centro-Sul.
A Amazônia coincide, essencialmente, com a Amazônia Legal, incluindo o
norte do estado do Mato Grosso e o oeste do estado do Maranhão, ou seja,
áreas que não pertencem à macrorregião norte.
Além da particularidade ecogeográfica, a região é marcada pelos menores
níveis de industrialização do país. Destacam-se as culturas de
subsistência, o extrativismo vegetal, os grandes projetos de mineração e
a expansão recente - e devastadora - da fronteira agrícola nacional.
O complexo do Nordeste abarca todos os estados da macrorregião
nordestina - exceto o oeste maranhense - e inclui a mesorregião Norte de
Minas (MG), onde as características físicas, sociais e econômicas se
assemelham muito mais com o sertão nordestino do que com o sudeste
industrializado.
Subdividido em Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte,o complexo do
Nordeste tem múltiplas características e grande diversidade interna
impostas pela natureza e pela apropriação histórica do espaço
nordestino.
O complexo do Centro-Sul reúne os estados do sul, sudeste e
centro-oeste, exceto as frações já mencionadas que pertencem aos
complexos da Amazônia e do Nordeste. Trata-se do complexo onde a
presença e os desdobramentos da influência das indústrias são maiores. O
eixo São Paulo - Rio de janeiro - Minas Gerais forma o centro pulsante
da atividade industrial, a core area do país.
A industrialização peculiar da região sul e a expansão da agroindústria
pelo oeste paulista e centro-oeste completam o painel com os principais
componentes econômicos desse que é o maior e mais diversificado complexo
regional brasileiro.
Se a divisão oficial do Brasil em cinco macrorregiões é genérica, a
divisão em complexos regionais é ainda mais. No entanto representa um
esforço notável de análise e síntese das principais características
histórico-econômicas do território brasileiro.
Déficit habitacional: Brasil precisa de quase 8 milhões de moradias
Nas últimas semanas, dezenas de famílias perderam tudo o que tinham em
incêndios que atingiram favelas na cidade de São Paulo. O tempo seco, o
acúmulo de lixo e as ligações elétricas clandestinas estão entre as
principais causas dessas tragédias.
Para os moradores de 1.632 favelas da capital, a ameaça de incêndio faz
parte da rotina. Somente neste ano foram registrados 32 casos. A
precariedade das moradias – muitas feitas de madeira e coladas umas nas
outras – e a dificuldade de acesso às vielas pelo Corpo de Bombeiros
fazem com que o fogo se alastre rapidamente.
Em sua maior parte, essas comunidades estão localizadas em áreas
invadidas e a prefeitura e concessionárias de luz e água não podem
prestar serviços. Por isso, moradores improvisam instalações elétricas, o
que provoca curtos-circuitos e acidentes. O lixo acumulado, em razão da
falta de coleta e de famílias que sobrevivem da reciclagem, é outro
fator de risco.
No último incêndio, ocorrido no Morro do Piolho, o tempo seco e os
ventos ajudaram a propagar as chamas, que consumiram rapidamente 300 dos
700 barracos existentes no local. Mais de mil pessoas ficaram
desabrigadas e perderam móveis, roupas e documentos.
O drama dessas famílias, no entanto, não é um caso isolado no país. Se
no inverno os incêndios são o maior perigo, no verão, moradores de áreas
de risco em morros sofrem com as chuvas. Há dois anos, 168 pessoas
morreram em deslizamentos de terra em Niterói, na região metropolitana
do Rio de Janeiro.
Tanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos quanto a Constituição
brasileira reconhecem que moradia é um direito fundamental do cidadão.
Mas essa não é a realidade de milhares de brasileiros que moram em
favelas, cortiços e comunidades carentes, sem saneamento básico (água
potável e rede de esgoto), eletricidade e outras melhorias.
Entre os problemas sociais relacionados à falta de moradia estão a
exclusão social, o desemprego e a violência. Na maioria das favelas,
traficantes aproveitam a ausência do Estado para criar facções
criminosas que cooptam e coagem as comunidades. Há ainda conflitos de
natureza social e política envolvendo movimentos como os sem-terra e os
sem-teto. Déficit
Segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, o déficit habitacional
brasileiro é de 5,8 milhões de famílias, o que representa um índice de
9,3% de famílias que não têm onde morar ou vivem em condições
inadequadas. Os dados foram obtidos com base no PNAD (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios) 2009, feito pelo IBGE.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro possuem as maiores carências, com índices, respectivamente, de 19% e 9,3%.
Em outro relatório, divulgado há um ano pelo Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada), foi apontado um déficit de 7,9 milhões de
moradias no país, o que corresponde ao total de 14,9% dos domicílios.
Uma pesquisa mais recente, divulgada pela ONU, mostrou que em toda a
América Latina o déficit habitacional subiu de 38 milhões de residências
em 1990 para algo entre 42 milhões e 51 milhões em 2011.
Segundo a ONU, trata-se de um dos maiores desafios dos países da
região. Por outro lado, o índice de pessoas que vivem em condições
precárias caiu de 33% em 1990 para 24% em 2010. No Brasil, o percentual é
de 30%, de acordo com a ONU. Migração
O déficit habitacional é causado pela falta de políticas públicas e por
transformações sociais, como o êxodo rural e a mudança do perfil das
famílias.
Em toda a América Latina, nas últimas décadas, houve um aumento da
população urbana, provocando um crescimento desordenado nas grandes
cidades. No Brasil, a migração de famílias do campo para as cidades, em
busca de emprego no setor industrial e na construção civil, não foi
acompanhada de uma política de urbanização. Tal fato contribuiu para o
surgimento tanto das comunidades em morros cariocas quanto nas favelas
paulistas.
Na década de 1960, pela primeira vez a população urbana ultrapassou em
números a rural. Nos anos 1990 houve o término do fluxo migratório e,
no começo do século 21, a população urbana já representava 80% do total
da população do país.
Soma-se a isso o envelhecimento da população e as mudanças no perfil
familiar, com maior número de divórcios e solteiros na idade adulta, e
há um aumento considerável na demanda por domicílios nas cidades. BNH
Foi somente a partir dos anos 1960 que o governo brasileiro passou a
desenvolver programas de planejamento habitacional, com o objetivo de
reduzir o déficit de moradias.
Durante o período da ditadura, de 1964 a 1986, vigorou o BNH (Banco
Nacional de Habitação), que era responsável pela construção de casas
populares no país. O órgão financiou 4,5 milhões de casas para famílias
de classe média, o que representou 24% de todo o mercado habitacional.
No entanto, especialistas apontam que o programa – reconhecido como o
primeiro de abrangência nacional para a área de habitação – falhou em
não atingir um público de baixa renda, sem condições de financiar uma
casa própria, que por sua vez engrossou o contingente de moradores de
favelas, cortiços e loteamentos clandestinos.
A partir de 2003, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva,
a política habitacional foi concentrada no Ministério das Cidades.
Nesse setor, o principal destaque é o programa Minha Casa Minha Vida,
lançado em 2009 com a meta de construir um milhão de moradias para
atender famílias com renda até 10 salários-mínimos. O programa foi
reformulado no governo da presidente Dilma Rousseff e objetiva construir mais 2 milhões de casas até 2014, 60% desse total voltado para famílias de baixa renda.
O
espaço geográfico é o produto da ação humana sobre a natureza, ou seja, é
um espaço que se forma a partir do momento em que o homem imprime a sua
cultura em um espaço natural transformando-o em espaço humanizado.
A formação do espaço
geográfico se dá pela combinação de transformações naturais, decorrentes
da própria dinâmica da natureza, com as sucessivas transformações da
sociedade ao longo do tempo.
A formação das cidades
é um dos principais reflexos da ação antrópica sobre a natureza e sua
paisagem revela valores culturais das sociedades que as construíram.
Cada elemento componente
do espaço natural está intimamente ligado aos demais, dependendo um do
outro. Esta noção é de fundamental importância na análise da ação
antrópica causadora de desequilíbrios ambientais, pois a modificação de
apenas um elemento pode repercutir gravemente nos demais.
O PAPEL DA DINÂMICA SOCIAL
O espaço natural, também chamado de primeira natureza, resultante de um processo evolutivo natural e espontâneo, é transformado em segunda natureza,
uma natureza artificial, a partir do trabalho humano de organização. A
dinâmica social é, portanto, o principal componente formador das
paisagens modernas. Enquanto os espaços naturais são cada vez mais
escassos, o meio urbano se torna cada vez mais artificial. É o que
observa o geógrafo Milton Santos:
“(...)
o meio urbano é cada vez mais um meio artificial, fabricado com restos
da natureza primitiva crescentemente encobertos pelas obras dos homens
(...)
(...)
A urbanização ganha, assim, novo impulso e o espaço do homem, tanto nas
cidades como no campo, vai tornando-se cada vez mais instrumentalizado,
culturalizado, tecnificado e cada vez mais trabalhado segundo os
ditamnes da ciência.”
(SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo, Hucitec, 1988. p. 42 e 43.)
É importante perceber
ainda que o espaço geográfico se relaciona com a sociedade de uma forma
bastante complexa. Não é possível defini-lo apenas como o lugar onde se
localizam os fenômenos, pois, assim como a sociedade interfere no espaço
a ser formado, o espaço geográfico produzido irá também interferir no
desenvolvimento da sociedade.
Diante de uma nova
concepção de espaço geográfico internacional, trazida pelo processo de
mundialização da economia, é possível realizar a análise do espaço
geográfico sob vários prismas: pela escala local, regional, nacional, ou
mundial. Apenas a análise complementar e integrada de cada realidade
pode proporcionar uma compreensão da dinâmica espaço-sociedade capaz de
produzir melhorias relativas às formas de produção e desenvolvimento e
seu impacto sócio-ambiental, bem como sobre novas tecnologias de
aproveitamento dos recursos naturais.